quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ronan Cliquet

Para perceber o mundo, decifrar esse sistema estruturado por convenções culturais e universais, dotado de princípios sociais, códigos, símbolos, signos etc., como fonte de criatividade artística, dependemos de uma sintonia sensível, eixo principal, capaz de acionar e estimular nossos sentidos.

Movido por essa sintonia inexplicável, porém, necessária para todo ser humano, Ronan Cliquet procura desenvolver numa linguagem plástica seus pensamentos sensíveis para, de algum modo, entender o mundo ou as coisas do mundo, não mais na sua condição do ser individual, mas na condição do ser coletivo.

Ronan Cliquet desenvolve sua pesquisa poética centrando-se na temática figurativa, e explorando seu repertorio particular suas lembranças.O artista da ênfase, às construções de retratos que, nas suas expressões fugidias, quase esquecidas pelo tempo, guardam nossas lembranças, nossas memórias.

Sobre essa temática discorrida por Ronan e tantos outros artistas, Priscila Sacchettin escreve no “Esboço de um Percurso”, publicado no Catálogo de Marco Buti, “Ir até aqui”. Diz assim.


“Memória que pode ser pensada não como aquilo que ficou para trás, mas como o que está sempre presente. Em sigilo, circula ininterruptamente por nossa alma, abastecendo de sentidos e identidade nossos pensamentos, palavras, gostos, ações. Mesmo quando não percebida ou não diretamente notada, está ali, presente, estruturando o que somos;” [...].


Seu processo criativo é antes tudo, um resgate da técnica da gravura em metal, procedimento da água-tinta (chamado de “lavis”), processo com ácido que nesse caso, é trabalhado como matéria “pictórica”. Que através da ação do artista entre matéria e agente (ácido), aos poucos quase que num apagamento temporal, revela por meio das nuances entre claro e escuro a identidade contidas em cada rosto anônimo, a expressividade da vida, em “Lembranças Destorcidas”.


Cléo Barreto



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